22 de nov. de 2011
No início eram apenas borrões, a primeira vista não faziam sentindo, na verdade, a vida nunca tivera muito sentindo à ela. Pausadamente os mesmos aglomeravam-se e reformulavam-se em novas figuras, ainda borradas. Minuciosamente ressalvava seus delírios platônicos emergirem daqueles inocentes borrões sem vida. Espontâneamente o desânimo tomava conta daquela mente, tão amarga quanto seu café, que esfriava num canto empoeirado da sua janela. Seus olhos melancólicos e cansados transmitiam a sensação de uma espécie de desapego sentimental e existencial. A noção do tempo havia-se perdido juntamente com a sua noção de dor. A leve brisa do anoitecer tocava aquela face, trazendo consigo a essência do vazio. Ausência... Era tudo o que ela sentia. Um turbilhão de memórias invadiu-a tão repentinamente que mal pode defender-se. Detalhadamente começou a devanear insanamente em cada uma delas. Deflagravam-se pelo seu corpo. Instantaneamente aquelas alusões sentimentais começaram a abrir cada uma das feridas incicatrizáveis que ela carregava consigo. Sangrou, mas não doeu. Ao passar do tempo havia-se acostumado-se com esse sentimento, agora retórico em sua vida, mas que ainda era capaz de arrebatar-lhe algumas lágrimas, por uma ou outra senil lembrança.
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